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O futuro é melhor do que pensamos, mas precisa de uma espécie de carta de condução (A great piece about my work, via Sapo.pt)

Read it the whole thing here (in PT). Thanks to SAPO for interviewing me, and to NEST for bringing me to beautiful Porto again.


“Há 15 anos a Internet era um escape do mundo real. Agora o mundo real é um escape da Internet”. O futurista Gerd Leonhard trouxe a frase do professor e colunista Noah Smith a uma sala onde se discutia como construir “um melhor turismo” e é difícil que qualquer pessoa com mais de 30 anos não sentisse que resumia bem não apenas os desafios do setor, mas de toda a sociedade.

“O futuro acontece primeiro na imaginação, depois na vontade e depois na realidade”. A frase é de outra futurista, Barbara Marx Hubbard, que viveu 90 anos (1929-2019) e foi evocada como ponte para a principal razão pela qual o futuro é melhor do que pensamos e que assenta nas escolhas que estão na nossa mão…

Este é o momento em que podemos encolher os ombros e pensar com os nossos botões “mais uma frase motivacional que não muda nada”. Sobretudo porque olhamos à nossa volta e vemos crises climáticas, crises económicas, falta de confiança nas políticas, pobreza e, como se não bastasse, a ameaça de um mundo em que em breve muitos humanos serão dispensáveis face à capacidade crescente das máquinas e da inteligência artificial…

“Os próximos 10 anos vão trazer-nos mais mudanças que os últimos 100”, diz-nos o futurista alemão, coisa que já suspeitamos, pelo menos os mais atentos. A diferença é que, contrariando um discurso cético ou mesmo pessimista face ao que aí vem, Gerd Leonhard fala-nos do “bom futuro”. Um “bom futuro” que exige mudanças significativas no presente porque “o mundo que temos não serve o futuro, o capitalismo não serve o futuro”. Ou seja, em vez de lucro e crescimento teremos de pensar nas pessoas, no planeta, no propósito e na prosperidade.

Em tese, a ideia não é nova e a reinvenção/extinção/reconversão do capitalismo é tema de uma vasta literatura e debate desde, pelo menos, a crise financeira de 2008. Mas o contexto mudou e tem vindo a mudar e é por isso que as premissas do “bom futuro” de Gerd Leonhard têm hoje outro eco.

Como será o “bom futuro”?
O futuro da alimentação
As escolhas que temos pela frente têm implícita uma racionalidade que permita defender o planeta. É por isso que Gerd Leonhard acredita que o futuro será vegetariano (mesmo que, no seu caso pessoal, continue a comer carne). Vegetariano porque 30% da poluição global, nos números que apresenta, decorre da agricultura e da pecuária, e porque será impossível, afirma, escalar esta produção para aumentar 12 mil milhões de pessoas no planeta Terra. O “bom futuro” resulta de já estarmos, nos dias de hoje, a criar as nossas alternativas de alimentação, com carne produzida a partir de vegetais, carne produzida em laboratório e agricultura vertical.

O futuro da energia
75% da energia que atualmente consumimos vem do petróleo, gás e carvão e, se os impactos ambientais têm provocado uma mudança lenta, a guerra na Ucrânia e os seus custos económicos acelerou consciências, nomeadamente de decisores.

Uma aceleração que reforçou o peso das alternativas já existentes, como a energia solar, eólica e nuclear.

O futuro da educação
Num presente-futuro em que a tecnologia está em toda a parte, as nossas crianças têm de aprender a fazer o que as máquinas não fazem e, mais do que isso, elas e nós, adultos, teremos de aprender a vida toda, em todos os formatos porque só essa aprendizagem inibe a exclusão de um futuro em que muitas coisas acontecem ao mesmo tempo em toda a parte.

O futuro do trabalho
“Se trabalharmos como um robot, um robot ficará com o nosso trabalho”. Partindo daqui, Gerd Leonhard antecipa um futuro em que o nosso trabalho será ser humano, deixando para as máquinas as rotinas e os processos que já hoje estão aptas a fazer. Ser humano tem implícito usar as características que nos distinguem das máquinas (pelo menos aos dias de hoje), seja na criatividade ou na bondade e empatia.

O futuro da saúde
A maior mudança é mesmo na forma como vamos definir os cuidados de saúde. Até aqui têm sido vistos como uma forma de nos tratar quando estamos doentes; no “bom futuro” serão aquilo que garante que nos mantemos saudáveis. A alimentação e o estilo de vida serão “medicamentos preventivos” que a tecnologia ajudará a integrar nas nossas vidas de forma quotidiana e não apenas nas resoluções de Ano Novo. A ciência médica permitirá uma cada vez maior personalização e os sistemas económicos terão como desafio torna-la acessível.

Neste último caso, por exemplo, a proposta que Gerd Leonhard trouxe passa pela aplicação de taxas sobre o valor dos bilhetes de avião em função do número de voos anuais. Proposta de um orador que, antes da pandemia, fazia uma média de 300 viagens de avião por ano. Hoje assume que essa era uma prática a que não pretende regressar, tendo ao invés investido num estúdio que lhe permite fazer palestras à distância numa plataforma digital. O “real”, que os humanos tanto precisam, é garantido, explica-nos, pela interação que replicou neste formato em que, confessa, só sente a falta “de poder ver os rostos das pessoas que estão a assistir”.

A primeira viagem do ano seria taxa-zero para todos e incremental a partir daí…. READ MORE

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